Eu sou putinha do Rian Johnson. Sou fã dele desde Ozymandias, de forma quase incontestável, a melhor hora produzida na televisão mundial. Sou daqueles que acham Last Jedi o melhor dos Star Wars, incluindo a trilogia original. Adoro Knives Out e Glass Onion, uma seqüência à altura que, dada a qualidade do primeiro filme, não é algo simples de se fazer.
Entende-se, pois, porque a série Poker Face não precisou mais do que o nome do piá para me atrair. A presença da Natasha Lyonne, uma mulher tão foda que te cativa mesmo com uma voz de dois maços de Derby por dia, era uma adição especial à atratividade da série. E, como se precisasse de mais alguma coisa, ela conta com um elenco rotativo foda demais, com nomes como Adrien Brody, Joseph Gordon-Levitt, Stephanie Hsu, Ron Perlman, Cherry Jones, e o aluno mais famoso de Greendale, Luiz Guzmán. Juntar um elenco foda já virou uma característica das obra de Rian Johnson, visto o que o cara tá fazendo na franquia Knives Out.
Ao contrário da série de filmes, Poker Face não coloca essa turminha toda em tela de uma vez. A série se inspira numa pegada mais “mistério da semana”, onde o mistério não é tão mistério assim, mas é algum crime que acaba sendo solucionado quase que sem querer pela protagonista Charlie Cale, uma mulher que tem uma habilidade única e bem Rian-Johnsiana: perceber quando alguém está mentindo. Os episódios são normalmente divididos em dois momentos: a primeira metade é o crime da vez e como ele se desenrola – e na maioria das vezes, o assassino já é explicitado nesse começo mesmo, transformando um mistério que seria “quem matou?” para “como vão pegar esse feladaputa?”. A segunda metade é como Charlie entra no caso e lida com ele. Os roteiros de todos os episódios são tão bem feitos e redondinhos que as duas metades se tornam igualmente divertidas e interessantes.
Além disso, há um fio ligando todos esses casos que é a própria história de Charlie, excelente desde o início. A personagem principal é um deleite à parte, culpa parcial do imenso carisma de Natasha Lyonne, na melhor atuação da sua carreira: dá pra saber que a personagem percebeu uma mentira só pela expressão nos olhos da atriz.
Os dez episódios trazem dez ótimas histórias, em dez cenários distintos, com dez motivações diferentes. O sucesso de crítica não é à toa. A série têm incríveis 98% no Rotten Tomatoes e uma segunda temporada já confirmada com nomes como Giancarlo Esposito e Kumail Nanjiani.
Para quem tá ansioso com o vindouro Wake up dead man e não consegue conter a ansiedade, Poker Face é um ótimo paliativo, com o efeito colateral de constatar como Rian Johnson é foda mesmo e aumentar ainda mais a expectativa.