SALADA CAPRESE o guacamole sempre acaba antes dos nachos

Band of Brothers

Lá nos idos de 2001, quando a HBO ainda se chamava HBO e funcionava como um canal de TV a cabo, a emissora decidiu fazer uma aposta arriscada: um épico televisivo de dez episódios ambientado na Segunda Guerra Mundial.

Produzida por Steven Spielberg e Tom Hanks, parceria que tinha nos trazido alguns anos antes “O Resgate do Soldado Ryan” (e “The Pacific” alguns anos depois), a série teve um custo de 125 milhões de dólares; corrigindo pela inflação, um valor por episódio maior do que “Game of Thrones”.

O investimento se pagou. A série foi extremamente rentável e um sucesso de público e crítica. Só as vendas de box de DVDs e Blue Ray já pagam o investimento feito, isso sem contar o fortalecimento da marca HBO e os novos assinantes que ela atraiu ao serviço.

Foi de um box de DVD emprestado sabe-se lá de quem, que eu assisti-a pela primeira vez, lá pelos idos de 2003. Fiquei imensamente impressionado pelo tamanho e cuidado da produção, que saltam aos olhos em cada cena: tudo é enorme, a ação é convincente e os dramas pessoais são marcantes.

Não é exagero dizer que esta é uma série que marcou minha vida: quando, posteriormente, fui morar na Europa, eu fazia questão de visitar cada um dos locais onde a história se passa. Peguei cinco horas de trem para chegar em Bastogne, na Bélgica. Visitei museus, memoriais e pântanos sem nada. A série me trouxe um interesse por história que segue vivo até hoje.

Por isso, mais de dez anos depois da última vez que eu a assisti, resolvi encará-la novamente.

20 anos depois

Uma das cenas que mais me impactou na época foi a invasão aérea da Normandia no começo do segundo episódio. Esses primeiros minutos dos personagens efetivamente no meio de uma guerra são os únicos em que se pode dizer que os efeitos envelheceram mal: as explosões são feias e ultrapassadas.

Mas as críticas param por aí: todo o resto da série continua tão impressionante quanto na data de seu lançamento, 23 anos atrás. É claro que a minha cabeça de audiência também mudou e coisas que eu não dava tanta importância como um adolescente me fascinam agora como um quase-idoso. O roteiro é absolutamente primoroso, nos permitindo passar tempo o suficiente com os personagens (de uma forma que um mero filme de duas horas não permite). O longo tempo que dividimos com os personagens também permitem que compartilhemos detalhes que outras produções não conseguem fornecer, como a vida nas trincheiras e o tédio da guerra. Inspirado no livro homônimo de Stephen E. Ambrose, ele passeia por diversos personagens, indo desde os campos de treinamento até o final da guerra; e os discursos reais das figuras na abertura de cada episódio são um toque de gênio.

A série não se preocupa em ser expositiva. Na época que ela foi lançada, a internet nem era tão onipresente quanto hoje, porém mesmo assim, ela não gasta tempo explicando fatos históricos, hierarquias militares ou detalhes da guerra. Ela apresenta o que aconteceu e permite ao público ir buscar os detalhes que mais lhe interessam.

Uma surpresa foi a quantidade de participações especiais no decorrer da série. Semelhante à reação de ver Vin Diesel em “O Resgate do Soldado Ryan”, Band of Brothers é recheado de celebridades: Michael Fassbender, Tom Hardy, Colin Hanks, Andrew Scott, David Schwimmer, Simon Pegg, James McAvoy e, deus que me perdoe, mas até o Jimmy Fallon pode ser encontrado no meio das batalhas. Isso sem contar Damien Lewis interpretando Lt. Winters, o papel da vida dele.

Efeitos que continuam ótimos, atuações marcantes, roteiro perfeito. Band of Brothers ainda é o melhor produto de entretenimento sobre a Segunda Guerra que a humanidade já produziu. Estou pronto para encarar Masters of Air.

Autor:
Barão do Principado de Sealand. Com uma inexplicável paixão por cinema, cervejas e queijos.