SALADA CAPRESE garçom, este gazpacho me foi servido frio

Um Lugar Silencioso: Dia Um

É uma sacanagem meter bichinho em filme de terror. Não tem jeito mais fácil de deixar uma platéia tensa do que ameaçar a vida de um gato. O novo filme da franquia “Um Lugar Silencioso” joga baixo nisso daí e eu poucas vezes fiquei tão temeroso por um personagem quanto pelo gato Frodo.

O novo filme muda também o cenário da aventura, do campo à cidade: New York, com seu barulho constante e mar de gente é um paraíso para monstros atraídos por sons e parece que os roteiristas conseguiram jogar aqui um monte de idéia que não dava para meter no ambiente bucólico dos outros filmes.

Em meio das dificuldades de buscar silêncio numa metrópole chega a ser surpreendente que nenhum dos personagens tenha pensado em ir numa biblioteca. Em algumas situações, o filme até me lembrou daquele reality show japonês onde eles metem um pessoal numa biblioteca e eles têm que manter um completo silêncio enquanto tomam choques, tapas, ou um velhinho morde uma orelha com excessiva ternura.

O que não quer dizer que o filme seja tão engraçado quanto a televisão nipônica, muito pelo contrário: o filme abraça o drama com a mesma força que abraça o terror, mas com um resultado muito mais poderoso na história. As interações dos personagens quando não estão cercados de monstros ou tentando fugir acabam sendo a melhor parte do filme, que consegue ser surpreendetemente cativante.

Isso e o gato. Já estou torcendo para o gato no Oscar.

Autor:
Barão do Principado de Sealand. Com uma inexplicável paixão por cinema, cervejas e queijos.