O filme Serra das almas, do diretor pernambucano Lirio Ferreira, que estreia nesta quinta, 17, pode ser visto, em um primeiro momento, como um combo de estereótipos do cinema nacional. Está tudo lá. É só ir fazendo check na lista.
Cidadezinha nordestina? Temos. Curiosidade: procurando no Google, encontramos três regiões brasileiras chamadas Serra das Almas: uma na Bahia e duas reservas naturais, uma no Piauí e outra no Ceará. Nenhuma em Pernambuco, local em que se passa o filme.
Bandidos violentos? Claro que temos. Para todos os gostos ou desgostos. Na trama, eles são ladrões de joias e a cada minuto de exibição vão ficando mais violentos. Ah, lá pelas tantas, descobrimos que um deles é um traficante – chefão do tráfico, para ser mais preciso. Mais um check na nossa lista, por favor! Ainda no território da vilania, encontramos um senador corrupto, que é o chefe dos criminosos, e talvez seja o personagem mais caricato de toda a trama.
Do lado dos mocinhos, o grande destaque é a repórter investigativa Samanta, que em sua loucura pelo furo da reportagem, também não deixa de ser um estereótipo clássico. Ela acabou sequestrada pelos meliantes enquanto tentava investigá-los. Junto com ela, acabou levando uma estagiária que acabou baleada em uma troca de tiros. Já estava até esquecendo… Pode colocar check em tiroteios, por gentileza.
Mas é preciso ser justo com Serra das Almas ou essa resenha também vai acabar ficando estereotipada. Se os personagens e a trama podem soar batidos, o modo como a história é contada se revela a sua principal força. Feita de pequenos e grandes silêncios, o filme vai e vem no tempo, sem letreiros avisando das mudanças, confiando totalmente na atenção e inteligência do espectador. Um acerto.
É no equilíbrio entre personagens batidos e uma narrativa esperta, portanto, que Serra das Almas garante duas horas de uma experiência pelo menos agradável de cinema. Nada novo, mas pelo menos nenhuma vontade de bocejar durante as duas horas de projeção.