Uma vez eu estava indo do Porto para Marrocos em um vôo da RyanAir quando sentei do lado de um mineiro. Ele se chamava Sidney Magal. É claro que não era O SIDNEY MAGAL, mas era alguém cujos pais tinham uma paixão tão grande pelo artista que decidiram batizar o filho com o mesmo nome. Isso foi o que bastou para que eu gostasse do moleque assim, de graça: ficamos trocando idéia o vôo todo (junto com outras duas brasileiras) e, chegando em Marrakesh, trocamos de hotel para ficarmos todos juntos durante os cinco dias que passaríamos no norte africano.
É bem provável que isso não aconteceria se o nome do mineiro fosse, sei lá, John Lennon. Magal é melhor que Beatles e eu sou um grande fã de todas as músicas do cara desde que me conheço por gente.
Uma vez, tive o imenso prazer de encontrar Magal e conversar com ele por mais de meia hora. Foi no restaurante de uma amiga em Orlando e Magal tinha acabado de passar o dia no Animal Kingdom. Lembro que conversamos muito sobre o brinquedo de Avatar, onde ele, maravilhado, se rasgou em elogios, e comentou que tinha ficado uma hora e vinte minutos na fila. Desde então eu meço o tempo por “Magals na fila de Avatar”. Quarenta minutos, por exemplo, é meio “Magals na fila de Avatar”. Seu filme “O meu sangue ferve por você“, com 100 minutos, têm a duração de 1,25MFA (abreviação de “Magals na fila de Avatar”).
É um tempo bom para uma cinebiografia, principalmente esta, que não se preocupa em focar inteiramente na vida do artista, capturando apenas um pequeno pedaço de sua história e romantizando abusivamente em cima. Eu já estou exausto de cinebiografias musicais, então é bom ver que esta é mais um musical do que uma biografia.
É tudo bem brega, mas é Magal. Filipe Bragança incorporou o personagem de forma foda e o filme me deixou tão apaixonado por Giovana Cordeiro quanto eu fiquei apaixonado por Debora Falabella na época do clipe musical de “Tenho“, de 2005.
Mas, no final, o grande destaque do filme acaba caindo mesmo na trilha sonora: toca Sidney Magal o tempo todo.