Cinema em tempos de Olimpíadas
Não acho que havia mais de uma dúzia de jornalistas na cabine de “Meu filho, nosso mundo“, que aconteceu na segunda-feira, 05 de agosto em São Paulo. E, dos poucos que ali filavam café e pão de queijo da mesa montada no Cine Marquise, talvez eu era o único que tinha minha atenção focada no celular, sem conseguir tirar os olhos da transmissão da CazéTV, com Rebeca Andrade, saltitando feliz para o ouro. Talvez nem tenha sido proposital, mas o pessoal da Diamond teve a benevolência de esperar as últimas notas da ginástica serem divulgadas antes do início da sessão.
Particularmente, eu atribuo a baixa participação jornalística da cabine de imprensa à final da ginástica solo mesmo. Se para jornalistas já parece um desafio deixar de ver as emoções do confronto entre Simone Biles e Rebeca Andrade para ver um filme, como atrair o público para fazer qualquer outra coisa em tempos olímpicos? Essa é mais uma disputa que Rebeca leva, a maior brasileira de todos os tempos.
Não só ela: nossos dias são inundados desde cedo com drama, comédia, ação, e cameos infindáveis de Ana Sátila como se fosse uma Stan Lee das transmissões desportivas. Eu nem tenho vontade de ir para a academia porque já fico exausto de ver tanta gente pulando, nadando, e correndo.
É fenomenal o esforço que o protagonista (o comediante Bobby Cannavale) desprende em sua atuação para nos fazer chorar, comparado com a facilidade com que eu chorei vendo a judoca brasileira finalmente ganhando medalha. E o filme nem é ruim, mas o Jimmy Kimmel bem que podia descolar uma passagem aérea pro pessoal que vai no seu programa.
De qualquer forma, não parece justo um cinema competir com isso e o Cinemark talvez devesse começar a exibir o vôlei em suas salas.