SALADA CAPRESE todo tomate merece respeito

Gladiador II

Mais uma continuação que ninguém pediu chegando com um retumbante estrondo nos cinemas. Dessa vez a obra revisitada é o já clássico dos anos 2000 (caraca, 24 anos atrás) Gladiador, vencedor de 5 Oscars, incluindo melhor filme. É Gladiador II, que perdeu muito a oportunidade de fugir do título cacofônico e se chamar “Gladiadois” (do original, “Gladiatwo“).

Ridley Scott, que ganhou o Oscar de melhor diretor na época, volta à direção, o que não quer dizer muita coisa, dada a inconsistência da qualidade de seu trabalho.

A boa notícia, sempre, é a possibilidade de rever a Roma Antiga nas telonas, principalmente depois que toda mulher descobriu que o cérebro masculino está com uma certa freqüência pensando no assunto.

As batalhas no coliseu cresceram em escopo. Era uma delícia ver Maximus Decimus Meridius (também é uma delícia falar esse nome em voz alta) lutando com gigantes, escapando das garras de tigres e capotando veículos em corrida de bigas, mas depois que Britney Spears, Beyoncé, e Pinky fizeram seu show musical na arena naquele comercial da Pepsi, o diretor percebeu que ia precisar de um evento um pouco mais magnânimo para poder competir. O novo protagonista Hanno luta contra rinocerontes e até vira o capitão de barcos em uma sangrenta batalha naval que incluí tubarões. O visual é legal e tem sua dose de acurácia: é uma trívia conhecida aos turistas que visitaram o monumento romano que a arena tinha uma estrutura preparada para ser alagada, de forma que tais batalhas realmente ocorriam. Acerto histórico colaborando com o filme. Só a parte de meter tubarões que não convence muita gente. São TUBARÕES em Roma.

piscininha

Na atuação, Paul Mescal, grande estrela do cinema de nicho por conta do fofo Normal People e do estraçalhante Aftersun, abraça a responsabilidade de ser o grande gladiador da vez, no seu papel de maior importância até agora, visto que Russel Crowe ganhou o Oscar pelo protagonista do primeiro. Paul Mescal, atlético e forte, traz uma proximidade, seja pela sua cara de galã feio, seja por seus músculos serem protuberantes, mas com muito menos anabolizante do que um herói da Marvel. Provavelmente grande parte de sua desenvoltura atlética venha da corrida, uma vez que o ator é famoso por conquistar garotas na noite, dormir com elas e, no dia seguinte, convidá-las para um jogging e sai correndo delas. (inclusive olha essa estampa)

Vale a pena?

A internet vai odiar e amar o filme. O que é compreensível, nem só porque há argumentos dos dois lados, mas porque é isso que a internet faz.

Do meu lado, depois de muito ponderar sobre o assunto, eu concluo que Gladiadois é muito legal. Não necessariamente sendo um filme bom, mas se Maximus Decimus abrisse os braços em qualquer momento do filme me perguntando “Are you not entertained?“, eu teria que dar o braço a torcer (ou a ser cortado com uma espada) e admitir que eu estive sim, entretido à beça durante todo o filme.

O roteiro faz o mínimo, jogando alguns fatos históricos; e talvez você (assim como eu), vai querer ir atrás da história de Geta e Carcalla – tem neste link aqui, mas é um spoiler do filme e, mesmo se você assistiu, dá pra ficar meio decepcionado porque a versão apresentada parece ser muito menos impactante do que a vida real.

Mas dane-se a acurácia histórica. Eu quero é ver cabeças decepadas, gladiadores montados em rinocerontes e tubarões devorando romanos no meio de Roma. Are you not entertained?

Autor:
Barão do Principado de Sealand. Com uma inexplicável paixão por cinema, cervejas e queijos.