Como um freqüentador extremamente assíduo de cinemas, tem filmes que eu já chego com um planejamento pré-estabelecido de quando é o melhor momento para dormir. Meus cochilos favoritos ocorrem no começo do segundo ato da película: os personagens já estão apresentados e o incidente incitante já aconteceu. A maioria dos filmes dá uma relaxada nos acontecimentos aí. É claro, há honrosas exceções, mas mesmo grandes histórias escolhem essa hora pra meter um Tom Bombadil no caminho dos Hobbits, dando uma diminuída no ritmo.
Planejando
Fui ver Covil de Ladrões 2 depois de uma noite trabalhando até tarde (“trabalhando”: construindo uma refinaria e uma fábrica de plástico com uns amigos em Factorio). Quando percebi que o filme tinha inaceitáveis duas horas e vinte minutos (com a exceção de Vingadores, nenhum filme de ação pode ter mais de duas horas), planejei mentalmente as sonecas: Uma no começo do segundo ato e uma no meio do segundo ato, talvez um pouco depois do midpoint.
Executando
Tudo seguia como planejado: um primeiro ato fraco, entregando alguns pontos para lembrar a audiência do primeiro filme e estabelecer algumas conexões para aqueles que não o viram (eu não lembro do primeiro filme). Quando o incidente incitante acontece e descencadeia o segundo ato, me recostei na cadeira e dei uma cochilada. Geralmente me limito a quatro ou cinco minutos, mas em um filme de mais de duas horas, tomei a liberdade de apagar por sete a dez minutos. Quando acordei, que o personagem de Gerard Butler já estava totalmente imerso na história.
Recuperei o fio da meada, entendi o ponto da história e me recostei para uma segunda dormida. Meus planos, porém, fracassaram.
Readaptando
O clímax do filme, a grande execução que deveria ser no final do segundo ato, acabou acontecendo muito antes do que eu imaginava. Meu segundo cochilo, do meio de segundo ato, ia ter que ser postergado.
Imaginei esperar o midpoint e dormir depois dele. Mas não adianta, eu já estava entretido: o filme teve uma execução bem bonitinha e o midpoint tardou a chegar. Tanto que o terceiro ato ficou espremido no final do filme, meio corrido, meio atrapalhado, mas ainda assim, o segundo ato conseguiu salvar a obra.
Concluindo
Com um cochilo a menos do que eu esperava e uma execução decente, Covil de Ladrões 2 acabou se mostrando um filme melhor do que eu imaginava. O final é meio qualquer coisa, mas a ação é legalzinha. Não vai ser nada memorável e nem angariar muitos fãs, mas não é o tipo de filme que eu recomendaria se você quisesse tirar um cochilo no cinema.
Isso já é muita coisa.