Nós, fãs da Marvel, estamos sendo muito judiados desde “Vingadores: Ultimato”. Seja com séries enormes que não entregam nada (mas não entregam nada semanalmente), até aquela coisa horrorosa que foi Quantumania.
Parte da reclamação é que a gente é muito mimado. A gente passou por uma época realmente boa de filmes de herói. Até os personagens mais chatos possíveis tiveram filmes ótimos, como é o caso de Capitão América e Thor. Sim, além de Ragnarok, eu gostei de Thor: Love and Thunder, mas eu sou um grande fã de humor pastelão e ainda não vi o filme uma segunda vez.
O caso do Capitão América é mais feliz ainda. Apesar de ser o herói mais coxinha que existe, de um bom-mocismo insuportável, até o primeiro filme dele é bom. Depois, eles tiveram a excelente idéia de chamar os irmãos Russo para tomar conta do personagem. Eles transformaram as histórias do Capitão América em thrillers políticos, o que se mostrou um acerto inesperado dentro do universo de heróis.
Meteu política no meio
E aí, em tempos difíceis, a Marvel volta no que deu certo. Capitão América 4 (ninguém tá contando mais) não tem nenhuma ameaça de destruição do Universo ou inimigo devorador de realidades. É, de novo, um thriller político, tal como foi o segundo e o terceiro filme do herói. O terceiro, inclusive, que todo mundo demora pra lembrar que foi Guerra Civil, porque tem tanto personagem que voa, que mais parece um filme do Avengers.
Como um filme mais contido, ninguém vem realmente ajudar. Não precisa e tá tudo bem. O filme pode gastar tempo explorando a relação de Sam Wilson com Isaiah Bradley (o Capitão esquecido) ou com o próprio presidente Ross. Este último, interpretado por Harrison Ford, que é bem mais do que um figurante de alto escalão, como filmes de heróis às vezes usam os grandes nomes de Hollywood.
Mesmo sendo importante estabelecer esta relação política amistosa, há um problema essencial em dar uma importância tão grande ao presidente dos Estados Unidos: pelo bem da história, nós devemos torcer por ele.
E, na atual configuração da política, é impossível ficar do lado de qualquer presidente que seja.
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Lição de casa
E a questão é: o que você precisa assistir para curtir o novo filme da Marvel? Com seus 34 filmes e uma quantidade de séries que já deve ter chegado na casa dos dois dígitos, nunca se sabe o que é preciso lembrar cada vez que surge algo novo.
Do lado positivo: “Falcão e o Soldado Invernal” não é propriamente necessário. O melhor personagem da série é jogado na história com uma explicação curta de quem ele é, então quem assistiu vai ter essa vantagem. Mas o resto é esquecível. E se você lembra que o escudo foi passado do Steve Rogers para o Sam Wilson no final de Ultimato, então você estará seguro para curtir este filme.
Talvez, o único filme que valha realmente a pena assistir novamente antes de entrar nas salas de cinema para Admirável Mundo Novo seja… O Incrível Hulk. Sim, aquele mesmo com a Liv Tyler e o Edward Norton, lembra? Ele era da Marvel também, quem diria.
A esta altura já não é segredo que este filme tem seu próprio Hulk, dessa vez em cor vermelha.
Mas seria melhor se a campanha publicitária não tivesse estragado essa surpresa.
Não que o filme seja ruim, mas ele certamente ficaria melhor.