SALADA CAPRESE lasanha de sobremesa

Todo o tempo que temos

Uma história já contada em outros filmes, mas que consegue mexer com suas emoções de alguma forma: a clássica trama de um dos protagonistas ter uma doença terminal e o enredo girar em torno principalmente deste personagem. Nada de diferente quando contamos sobre a vida de Almut (Florence Pugh), uma chefe de cozinha renomada e totalmente competitiva e Tobias (Andrew Garfield), um homem recém-divorciado que esta perdido com a situação da separação.

Após um acidente de carro, onde Almut atropela Tobias, eles se apaixonam. Mas não será contada apenas uma história feliz de amor. Tobias acompanha as dificuldades de Almut para lidar com o câncer e conseguir conciliar sua carreira e maternidade. A existência da doença de Almut não é nenhum spoiler do filme, pois já é sabido desde os primeiros minutos.

O drama é contato de forma não linear, onde vamos conhecendo os personagens aos poucos com surpresas e saindo do clichê de acompanhamento do momento triste de um casal construindo a família e descobre uma doença onde tudo desanda e está fadado ao fracasso, onde todos já preveem o caminhar do filme desde o início. A não linearidade consegue trazer momentos oscilantes de emoções, e não a decadência emocional prevista já sabido o final.

Tobias desejava ter a família de comercial de margarina: Aquela família linda de filme, onde todos são felizes para sempre. Já Almut, é uma mulher de propósitos e foco em sua carreira. Que quando descobre a doença, fica dividida entre profissão e família.

O longa se aprofunda mais na vida de Almut. Será que por ela ser a que tem a doença? Talvez. Mas ao meu ver, a vida dela era muito mais emocionante do que a de Tobias, e a trama conseguiu trazer esse peso e diferença entre os personagens.

A química de atuação de Garfield e Pugh é contagiante e faz com que acreditemos que aquela história é real! Eles são mesmo um casal de verdade e estão passando por essa dificuldade. Andrew Garfield passou por um momento parecido em sua vida em 2019, onde sua mãe faleceu de câncer. Acredito que a temática tenha trazido ao ator um peso e uma emoção inimaginável exibida em tela.

Na trama há cenas que chocam, quando em sua sessão de quimioterapia, Almut se vê em uma senhora na cadeira fazendo a infusão medicamentosa e sua peruca cai. Ela não quer isto para sua vida. O momento onde Almut põe a frente sua carreira em vez de sua filha, deixando a pequena esquecida na escola. A briga do casal onde a carreira de Almut novamente vem a frente do casamento e planejamentos que Tobias faz para os dois.

Almut queria ser mais do que apenas uma mãe com câncer vivendo sua vida pacata cuidando da família e saúde. Almut queria mais! Almut queria deixar um “legado”. Fazer coisas para que a filha se lembre da mãe não apenas como uma pessoa doente queficava em casa, mas sim, como uma mulher forte que lutou e perseverou independente das adversidades. Este lado do filme foi o que mais me emocionou, pois apesar das controvérsias, dos deslizes (que todos cometemos), mostra a vida de uma mulher. Uma mulher independente de família e doença. Uma mulher que luta e corre atrás do que quer. Que quer ser apenas ela e levar a vida que ainda lhe resta.

É um filme clichê? É. Vai ter gente falando que não tem nada de mais o filme? Vai. Vale a pena assistir? Vale muito. A atuação de Pugh e Garfield vale cada momento do filme. A direção e definição dos acontecimentos ficou incrível, deixando um ar de dúvidas e respostas ao decorrer da trama por sua não linearidade.

Arquiteta apaixonada pelo mundo cinematográfico.