Uma crítica no Letterboxd trata o novo filme do diretor André Novais como sendo o “Before Sunrise” brasileiro. Há um certo exagero na comparação, mas é totalmente compreensível: “O dia que te conheci” é um romancezinho aparentemente simples, mas delicioso de se acompanhar.
Não sei se isso se deve pelo casal principal de atores (Renato Novaes e Grace Passô) ou porque a relação entre os dois vai surgindo de forma tão natural, uma conversa depois da outra, quase como que por acidente.
No ponto empático romântico, é meio ultra-pretensioso, mas não errado afirmar que este é um filme até melhor do que o clássico do Linklater. Talvez por por ser um filme tão mais próximo de nós do que um casal hollywoodianamente bonito caminhando sem rumo pelas ruas de Vienna. Eles não passam em frente de uma ópera, mas eles ficam presos no trânsito. Eles não dividem um schnitzel, mas tomam uma cerveja no meio da rua enquanto um deles toma um bolo de uma amiga. Há muros grafitados adornados com cacos de vidro no topo e toda uma brazilian aesthetics que a gente conhece demais, com pregador no vasinho de plantas e muito copo duralex.
É um grande mérito do diretor e da produção conseguir transbordar essa estética para o telespectador, de forma tão natural. É difícil explicar, mas são nesses detalhes que o filme ganha. Nos azulejos da cozinha e na cama desarrumada.
Assisti-lo é como ir a um almoço na casa da vó.