Muito mais da mesma Fernanda
Seria impossível e até injusto dizer que qualquer documentário já feito no mundo seja “preguiçoso”. Nada consome mais o tempo de um editor e de uma ilha de edição que horas e mais horas de material bruto que precisa ser lapidado para fazer algum sentido depois de montado.
Dito isso, o documentário Fernanda Young – Foge Me Ao Controle soa como uma simples autobiografia da escritora. Mas isso não é ruim!
Fernanda nunca deixou de falar em entrevistas seus sentimentos mais profundos e reflexões mais fantásticas sobre a vida, os relacionamentos e seus traumas. Talvez esse estilo de vida pública e privada foi exatamente o que fez de Fernanda o sucesso grandioso que também teve como roteirista, apresentadora e atriz.
Há uma antiga frase que diz “Quanto Mais Pessoal, Mais Universal” que grandes poetas seguiram e seguem até hoje. Fernanda era o extrato disso. Intensa e sem medo de chocar, cruzou décadas sendo autêntica e ácida servindo como modelo público de força e ao mesmo tempo inseguranças, provando que ser humana é ser frágil e foda ao mesmo tempo.
Apesar de tantas nuances dentro de um cérebro intenso, o documentário se atém aos registros de entrevistas, séries, filmes e textos publicados nos livros da escritora. Não sabemos nada sobre como era trabalhar com Fernanda Young, como era interpretar os textos de Fernanda Young e relembramos o pouco que já sabíamos do seu processo criativo. Mesmo sua morte prematura em 2019 aos 49 anos só é citada para falar sobre o lançamento do seu livro póstumo.
O registro é melancólico – tema que a escritora gostava bastante – e simples. É sobre Fernanda, por Fernanda e ninguém mais. Um documentário mais do mesmo sobre alguém que era muito de si.
Para a geração que não teve o sabor de consumir Fernanda Young, é uma ótima porta de entrada para o universo criado por ela.
