Na minha opinião (e estamos aqui para eu dar minha opinião mesmo, eu nem precisava enfatizar), os pubs britânicos são mais legais do que os pubs irlandeses. Puramente baseado em minha experiência pessoal de ter morado tanto em Londres quanto em Galway: pubs irlandeses são confortáveis, porém costumam ser escuros e meio barulhentos.
Os pubs ingleses são mais variados: o que eu frequentava perto de casa era encarpetado, bem iluminado e com um sofá onde os mesmos velhinhos passavam o final de tarde sentados conversando. Eu particularmente adorava um pub escondido perto de Holborn street que tinha paredes forradas de revistas National Geographic. Eu passava horas lá depois do trabalho, tomando Murphy’s e lendo reportagens desnecessariamente detalhadas sobre a vida de lobos em matilhas. E, claro, os pubs do Soho e de Camden Town eram os meus favoritos para música ao vivo e noites de fervo nas sextas e sábados.
É uma cultura britânica tão forte que até parece pouco aproveitada pela cultura pop. O cineasta britânico Edgar Wright adora usar essa forte tradição em seus filmes, como Shaun of the Dead ou The World’s End, mas ele parece ser uma exceção. Mesmo em filmes como Kingsman, onde o pub é o cenário de uma homérica briga, ele não passa disso: um mero cenário.
Por conta disso, a parte do pub é a que eu mais gostei em “The old Oak”, o nome original da fraca tradução “O último pub”. É uma tradução ruim não só porque o nome em português não faz muito sentido (vão sempre existir pubs na Inglaterra), mas também porque se tem outra coisa que eu gosto nos pubs ingleses são os nomes dos estabelecimentos que, de alguma forma, conseguem ser simultaneamente criativos e tradicionais.
E o filme acerta em confrontar essa tradição toda com a onda imigratória londrina. O filme é sensível nessa união. Só que para um filme de pub, não tem tanta gente bebendo.