“Ninguém Sai Vivo Daqui” é uma tentativa de thriller psicológico do diretor André Ristum. Envolve drama, terror, ação, paranoia e até o sobrenatural.
A fotografia em preto e branco é agradável e até faz sentido com a proposta do longa. Mas no final só me fez lembrar que foi a minha vida que perdeu um pouco de cor.
O roteiro mais parece um Frankenstein cinematográfico. Remendos de terror, suspense e até um toque de comédia involuntária. Parece que foi tudo processado em um liquidificador e jogado na tela.
Com atuações que deixam muito a desejar, a única coisa que assusta é saber que é baseado em uma história real.
A história real do Colônia:
Na cidade mineira de Barbacena, erguia-se o Hospital Colônia, fundado em 1903 como um farol da psiquiatria brasileira. Contudo, sua fachada imponente ocultava um segredo macabro. Projetado para 200 pacientes, nos anos 50 abrigava cerca de 5 mil almas, a maioria sem qualquer diagnóstico de transtorno mental.
O hospital transformou-se em um sinistro depósito de indesejados: alcoólatras, moradores de rua, homossexuais, prostitutas, crianças abandonadas, amantes descartadas pela elite política, entre outros. De todo o país, chegavam amontoados em trens lotados, como gado para o abate.
No interior do Colônia, as condições eram desumanas, evocando os horrores dos campos de concentração nazistas. Torturas físicas e psicológicas, estupros e todo tipo de violência eram a rotina. Não à toa, ficou conhecido como o Holocausto Brasileiro.
Até seu fechamento, em meados dos anos 80, estima-se que mais de 60 mil vidas foram ceifadas dentro daquelas paredes. A história do Hospital Colônia é um capítulo sombrio da história brasileira, um lembrete da opressão, crueldade e do preconceito que podem se esconder sob o manto da normalidade.
Mas ainda sobre a película, em última análise, “Ninguém Sai Vivo Daqui” nos leva a questionar a sanidade dos responsáveis pela criação do Hospital Colônia. Porém a narrativa, que parece ter sido extraída de um episódio de “Linha Direta” combinada com choques elétricos, lobotomias e banhos gelados dignos de um “No Limite” macabro, transforma a experiência cinematográfica em uma espécie de “Jogos Mortais” à brasileira, com evidentes limitações criativas e orçamentárias.