Eu gosto do Dev Patel de graça. Não que ele não faça por merecer: Slumdog Millionaire e The Green Knight são legais à beça, mas talvez não legais o suficiente para eu gostar do cara assim. Tem bastante ator que fez coisa bem melhor e eu sou indiferente.
Talvez seja esse inexplicável carisma que faça ele carregar nas costas seu novo filme (que também marca sua estréia na direção): uma história de vingança que, até lá pro terceiro ato, não se preocupa em explicar de quem ele tá se vingando e nem porquê.
Originalmente chamado de “Monkey Man” (provavelmente para pegar a audiência que comprar ingressos por engano querendo ver o novo Planeta dos Macacos), a película chega no Brasil com o nome de “Fúria Primitiva” (provavelmente para pegar a audiência que comprar ingressos por engano querendo ver Furiosa), uma tradução que não incomoda e até faz lá seu sentido. Mas o filme chega com a ingrata tarefa de encarar Mad Max e Planeta dos Macacos na bilheteria – e provavelmente ele vai apanhar tanto quanto o protagonista.
Não que o filme seja ruim, muito pelo contrário: Dev Patel é surpreendentemente competente na sua estréia atrás das câmeras. A ação é muito bem coreografada e dirigida, uma pena que dure apenas quinze minutos. O resto do filme parece meio arrastado, mas nunca abre mão do absurdo. Com uma boa recepção internacional, talvez faltou timing para o filme brilhar com uma concorrência um pouco menos brutal por salas de cinema.
Se estreasse duas semanas antes ou duas depois, ele ia abocanhar uma parcela melhor da audiência. Estreando na data que estreou, nosso pobre homem macaco deve perder de Furiosa (tal qual o macaco homem do outro filme).
